sábado, 8 de outubro de 2022

UM POEMA DE JOÃO FILHO DO LIVRO AO SUL DO LABIRINTO


 MIRANTE DE SANTO ANTÔNIO ALÉM DO CARMO

Não há vagas. E sempre não há vagas.
A vida está lotada e nós rodamos
e rodamos por vias tão amargas
(até as aves perdem seus ramos).

Nos estacionamentos, quem não paga?
A vida está sem crédito, em desânimo,
o débito dos  dias nos esmaga
entre carros que não estacionamos.

A tarde fragiliza corações,
nos pega em pleno trânsito sem brechas
(o medo escala sujos paredões);

uma buzina em outra se propaga,
 -- Não sabe dirigir! -- escuto a pecha,
pois não há vagas, sempre não há vagas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário